CONCURSOS

A 2ª fase dos concursos para juiz federal dos Tribunais Regionais Federais da 1ª e 2ª Regiões se aproxima. Desse modo, disponibilizo material de estudo para essa prova. Não se trata de apostila ou de resumo, mas de um roteiro com pontos que se somam ao estudo da 1ª fase (mais genérico e básico). Boa prova!

1. Tipos de demandas

a. Concessão de benefício

b. Revisão de renda mensal inicial

c. Revisão da mensalidade reajustada

2. Competência

a. Justiça Federal X Justiça Estadual (acidente de trabalho)

i. Cuidado com a pensão por morte: A Terceira Seção do STJ pacificou recentemente o entendimento de que a concessão e a revisão de pensão por morte, independentemente das circunstâncias do falecimento do segurado, é de natureza previdenciária, e não acidentária típica, o que torna competente a Justiça Federal para o processamento e julgamento do feito (AgRg no CC 108.477/MS). Mas, tem uma decisão do STF em sentido contrário AI 722821AgR – 20/10/2009).

ii. Cuidado com o mandado de segurança: competência fixada em razão da autoridade, independentemente da matéria (art. 109, VIII – autoridade federal > justiça federal)

b. Delegação constitucional de competência (art. 109, § 3º: competência relativa AgRg no CC 103789/SP)

c. Capital X domicílio: Súmula 689 STF “o segurado pode ajuizar ação contra a instituição previdenciária perante o juízo federal do seu domicílio ou nas varas federais da capital do estado-membro.”

d. Conflito de competência:

i. Justiça Federal X Justiça Estadual: STJ

ii. Juiz Federal X Juiz Estadual (109, § 3º): TRF

iii. Vara Federal X Juizado Especial Federal: TRF – Súmula 428 STJ e RExt 590.409/RJ (cancelada a súmula 348 STJ)

3. Legitimidade passiva

a. Regra geral: Instituto Nacional do Seguro Social

b. Litisconsórcio passivo necessário: concessão de pensão por morte e auxílio-reclusão - dependentes já habilitados ao benefício

4. Interesse processual: prévio requerimento administrativo

a. STF: repercussão geral RE 631240 RG/MG

b. STJ: dispensa o prévio requerimento administrativo (sem sobrestamento)

c. TNU: determina sobrestamento, exceto (a) se houver contestação específica, (b) for pedido de revisão ou (c) de auxílio-doença.

5. Tutela antecipada

a. Súmula 729 STF: a decisão na ação direta de constitucionalidade 4 não se aplica à antecipação de tutela em causa de natureza previdenciária.

6. Honorários

a. Súmula 111 STJ: os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre as prestações vencidas após a sentença.

7. Segurados

a. Segurado especial: art. 11, VII, Lei 8.213/91

i. Súmula 41 TNU: A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto.

ii. Súmula 30 TNU (X art. 11, VII, a, 1 da Lei 8.213/91): Tratando-se de demanda previdenciária, o fato de o imóvel ser superior ao módulo rural não afasta, por si só, a qualificação de seu proprietário como segurado especial, desde que comprovada, nos autos, a sua exploração em regime de economia familiar.

b. Período de graça - Súmula 27 TNU: a ausência de registro em órgão do Ministério do Trabalho não impede a comprovação do desemprego por outros meios admitidos em Direito.

8. Dependentes

a. Exclusão da concubina (STF e STJ)

b. Inclusão do filho e do irmão deficientes: art. 16, I, Lei 8.213/91 (deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente)

9. Benefícios por incapacidade

a. Súmula 22 TNU: Se a prova pericial realizada em juízo dá conta de que a incapacidade já existia na data do requerimento administrativo, esta é o termo inicial do benefício assistencial. [aplicável também aos benefícios previdenciários]

b. Auxílio-acidente: impossibilidade de aplicação imediata da Lei 9.032/95 (REsp repetitivo 1.096.244-SC)

10. Aposentadoria por idade

a. Carência (aplicação da regra de transição do art. 142) - Súmula 44 TNU: Para efeito de aposentadoria urbana por idade, a tabela progressiva de carência prevista no art. 142 da Lei nº 8.213/91 deve ser aplicada em função do ano em que o segurado completa a idade mínima para concessão do benefício, ainda que o período de carência só seja preenchido posteriormente.

b. Súmula 34 TNU: Para fins de comprovação do tempo de labor rural, o início de prova material deve ser contemporâneo à época dos fatos a provar.

c. Súmula 14 TNU: Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material, corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício.

d. Súmula 6 TNU: A certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição de trabalhador rural do cônjuge constitui início razoável de prova material da atividade rurícola.

e. Súmula 5 TNU: A prestação de serviço rural por menor de 12 a 14 anos, até o advento da Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, devidamente comprovada, pode ser reconhecida para fins previdenciários.

11. Aposentadoria por tempo de contribuição

a. Redução do tempo de contribuição: No julgamento da ADI 3772 (DJe nº 59/2009), o Supremo Tribunal Federal, em sessão plenária, por maioria, decidiu que as funções de direção, coordenação e assessoramento pedagógico integram a carreira do magistério, desde que exercidos, em estabelecimentos de ensino básico, por professores de carreira, excluídos os especialistas em educação, fazendo jus aqueles que as desempenham ao regime especial de aposentadoria estabelecido nos arts. 40, § 4º, e 201, § 1º, da Constituição Federal (revogação tácita da súmula 726 STF).

b. Prova do tempo de contribuição

i. CNIS

ii. Súmula 31 TNU: A anotação na CTPS decorrente de sentença trabalhista homologatória constitui início de prova material para fins previdenciários.

12. Aposentadoria especial

a. Súmula 32 TNU: tempo de trabalho laborado com exposição a ruído é considerado especial, para fins de conversão em comum, nos seguintes níveis: superior a 80 decibéis, na vigência do Decreto n. 53.831/64 e, a contar de 5 de março de 1997, superior a 85 decibéis, por força da edição do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003, quando a Administração Pública reconheceu e declarou a nocividade à saúde de tal índice de ruído.

b. Súmula 26 TNU: A atividade de vigilante enquadra-se como especial, equiparando-se à de guarda, elencada no item 2.5.7. do Anexo III do Decreto n. 53.831/64.

c. Súmula 9 TNU: O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado.

13. Salário-maternidade

a. Súmula 45 TNU: Incide correção monetária sobre o salário-maternidade desde a época do parto, independentemente da data do requerimento administrativo.

b. Lei 8.213/91, art. 72, § 3º: O salário-maternidade devido à trabalhadora avulsa e à empregada do microempreendedor individual de que trata o art. 18-A da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, será pago diretamente pela Previdência Social.

14. Pensão por morte

a. Súmula 416 STJ: É devida a pensão por morte aos dependentes do segurado que, apesar de ter perdido essa qualidade, preencheu os requisitos legais para a obtenção de aposentadoria até a data do seu óbito.

b. Súmula 340 STJ: A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente na data do óbito do segurado.

c. Lei 8.213/91, art. 77, § 4º: A parte individual da pensão do dependente com deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente, que exerça atividade remunerada, será reduzida em 30% (trinta por cento), devendo ser integralmente restabelecida em face da extinção da relação de trabalho ou da atividade empreendedora. (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011)

15. Auxílio-reclusão

a. Baixa renda do segurado (não do dependente – STF)

16. Revisão

a. Súmula 456 STJ: É incabível a correção monetária dos salários de contribuição considerados no cálculo do salário de benefício de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, pensão ou auxílio-reclusão concedidos antes da vigência da CF/1988.

17. Custeio

a. Súmula 425 STJ: A retenção da contribuição para a seguridade social pelo tomador do serviço não se aplica às empresas optantes pelo Simples.

18. Estrutura de uma fundamanetação de sentença previdenciária

a. Risco social (ou necessidade social): especificar o evento coberto pelo benefício e analisar se, no caso concreto, ele está configurado.

b. Exigências pessoais: verificar a qualidade de segurado, bem como se o benfício é devido à espécie de segurado na qual o autor se enquadra.

c. Carência: verificar se está preenchida a carência.

d. Valor: indicar o coeficiente de cálculo e abordar especificidades do salário de contribuição, como, por exemplo, aplicação, ou não, do fator previdenciário.

e. Data de início do benefício: fixar a data em que o benefício passou a ser devido.

10 comentários:

  1. Boa noite, professor!
    Sou seu anulo na turma de TRF2, do Ênfase online.
    Quanto a contribuintes individuais, foi comentado em aula que se encaixam nessa categoria, desde que com auxílio de empregados, tanto o pecuarista quanto o extrativista. No entanto, quanto a este, ao ler os dispositivos legais (art. 12, V, "b", da Lei 8212; e art. 11, V, "b", da Lei 8213), obtém-se a interpretação de que independe de empregados ("com ou sem o auxílio de empregados").
    Minha interpretação foi errônea? O que devo considerar para fins de prova?
    Desde já, agradeço a atenção.
    Abraços.

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  2. Marcelo, tudo bem? Inicialmente, parabéns pela pergunta, pois demonstra que está estudando com atenção. Porém, você fez uma pequena confusão. O art. 11, V, b da Lei 8.213/91 e refere especificamente ao garimpeiro. Este nunca será segurado especial (já foi no passado). O extrativista, que consta na redação atual do art. 11, VII é o que extrai da natureza produtos que possam ser cultivados para fins comerciais ou industriais. Assim, na prova, o extrativista que observa o inciso VII será segurado especial. O garimpeiro, jamais. Abraço e bons estudos.

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  3. monique dos santos soares2 de abril de 2012 às 06:23

    Olá professor, fui sua aluna na FESUDEPERJ, o senhor podia comentar a questão do provão do concurso da DPGERJ que aconteceu ontem dia 01/04

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  4. Boa Noite, Mestre. Apreciei muito sua aula no curso Forum (Intensivão AGU e PFN). Vou me inscrever aqui no blog para poder acompanhar seus comentários. Obrigada, abraços. Josane

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  5. Professor,
    Sou sua aluna na turma PGE intensiva online, no Curso Ceap. Estava estudando e me surgiu uma dúvida: quem tem doença degenerativa, como uma esclerose múltipla, por exemplo, pode fazer concurso público, msmo sabendo q há um risco desta doença evoluir? Ou lhe restaria apenas pleitear a aposentadoria por invalidez, por ser uma doença que tem potencial para ser incapacitante? Juliana.

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  6. professor fui sua aluna do curso enfase online TRF 2 região, e me surgiu uma dúvida.
    o senhor nos disse que os segurados obrigatórios são os empregados, empregados domésticos, trabalhores avulsos, contribuintes individuais e segurados especiais.
    e no exemplo de segurado obrigatório, afirmou que se um dentista começa a clinicar após sua formatura, mas nao paga contribuição alguma, é segurado, pois o que o torna segurado é o exercício de sua atividade. mas o dentista no caso se encaixaria em qual tipo de segurado obrigatorio? de empregado acredito que nao seja, pois nao se encaixa em nenhuma alinea do arte 11, inciso I. muito obrigada pela atenção.

    érica

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  7. lá Professor Fábio, estou em um dilema, e gostaria de sua ajuda se for possível.Sou funcionário publico estadual do Parana a nove anos, e estava esperando a muito tempo o concurso do TRT 9ª região, mas devido a nova forma de previdência para funcionários públicos federais estou na duvida se presto ou não o concurso pois em meu atual emprego (estado) com trinta anos de serviço aposento integral, já no âmbito federal não sei com quanto aposentaria.A questão de salario não é muito a diferença de um para outro, mas sim as condições de trabalho.Desde já agradeço pelo espaço.

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  8. olá professor

    gostaria de fazer curso na área previdenciária

    tem curso on line que o senhor ministre?

    gostei da maneira como explicita os questionamentos

    em se tratando de direito previdenciário é importante ter um bom professor.

    aguardo retorno

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  9. PREZADO PROFESSOR FÁBIO SOUZA, MEU NOME É ÁTILA,SOU SEU ALUNO NO ÊNFASE E GOSTARIA DE LHE AGRADECER PELOS ENSINAMENTOS, POIS OBTIVE ÊXITO NA PRIMEIRA FASE DESTE ÚLTIMO TRF2/2012. ASSIM, TAMBÉM GOSTARIA DE LHE SOLICITAR ALGUMA DIRETRIZ (NORTE) PARA SEGUNDA FASE. UM ABRAÇO DO ALUNO.

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  10. Oi prof. fui seu aluno online e achei fantastica sua aula. Parabéns.
    Felizmente, estou na segunda fase do trf4.
    Estão suspeitando que caia uma sentença previdenciária.
    Dentre as temáticas, quais o senhor recomendaria que estudasse para uma eventual sentença previdenciária.

    Forte abraço

    Renato

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